sábado, 7 de junho de 2014

Dream Theater - Dream Theater

O álbum autointitulado lançado pelo Dream Theater em 2013, foi escolhido por The Magician para análise dos Metalcólatras.



Faixas: 1 - "False Awakening Suite"; 2 - "The Enemy Inside"; 3 - "The Looking Glass"; 4 - "Enigma Machine"; 5 - "The Bigger Picture"; 6 - "Behind the Veil"; 7 - "Surrender to Reason"; 8 - "Along for the Ride"; 9 - "Illumination Theory".

  Phantom Lord
Depois de um bombardeio esparso de progmetal no blog ao longo dos anos, chega um dos maiores ícones do gênero: Dream Theater. 
Antes de falar sobre o disco ou banda, farei uma síntese sobre o sub-gênero musical. Normalmente os trabalhos desta "categoria", frequentemente chamados de "viagens", são longos e repletos de mudanças de ritmos. Acredito que estes artifícios muitas vezes são utilizados para tentar fazer o ouvinte refletir, para contar uma história, ou em alguns casos, apenas para mostrar diversos trechos complexos criados pelos músicos. 
O Dream Theater em diversos de seus trabalhos parece se encaixar muito bem no último caso. Uma banda tão talentosa e virtuosa que criou diversos trechos de músicas geniais, mas que dificilmente conseguiu ou se interessou em criar músicas com estruturas mais simples ou acessíveis. 
Ouvi dois ou três discos antes deste trabalho indicado por Magician e basicamente percebi algumas músicas ótimas em meio a um monte de viagens estranhas e turvas/desconexas. 
Porém há uma grande diferença entre este álbum (Dream Theater) e os outros que ouvi: Aqui a banda usa seu talento colossal para fazer uma série de músicas com formato mais compreensível/acessível deixando a grande viagem-prog para o final... Em minha opinião o resultado não poderia ser outro: definitivamente bom... Ao menos até a faixa 8, que apesar de super-progressiva-demorada, foi digna de se ouvir até o fim. 

 False Awakening Suite 7,6 
The Enemy Inside 7,8 
The Looking Glass 8,0 
Enigma Machine 7,1 
The Bigger Picture 7,4 
Behind the Veil 7,8 
Surrender to Reason 7,6 
 Along the Ride 7,1 
Illumination Theory 7,0 

 Modificadores:  


 Nota Final: 7,6 

The Magician
     Dream Theater no blog Metalcólatra significa uma estréia de peso, muito esperada e necessária para exposição de alguns tópicos ainda não totalmente explorado por nós críticos-blogueiros do site. São praticamente 4 anos de existência do nosso insistente fórum Metaleiro sem ao menos (com exceção de uma ou outra resenha) citar os mais importantes músicos do "progressive metal" mundial.  

     
Atribuo o adjetivo "importante" ao grupo americano não por ser um grupo pioneiro nesse tipo de música, mas sim por elevarem aos níveis mais extremos as possibilidades de progressões musicais dentro de um contexto de faixa ou de álbum. Essa obstinação do Dream Theater (que poderia ser chamado também de "Dream Team" do Metal) conduziu fatalmente à rotulação da banda perante os ouvidos "comuns" do público roqueiro; títulos como "banda mais chata do mundo", "Have sweet dreams" Theater, ou mesmo frases como "a vida é muito curta para se escutar DT" são normalmente o primeiro tipo de contato do público geral antes que conheçam o trabalho dos caras.
     
Bom, também não posso acusar a apelidação da banda como injusta, pois a banda é resultado de uma reunião de graduados em música em Boston, e a grande maioria de seus trabalhos perseguem a destruição do modelo estrutural da musica popular baseada em blocos repetitivos de versos-pontes-refrãos, ou também de discos com inúmeras faixas com tempo de duração não compatíveis com a programação de rádio/TV. Além disso a obra do Dream Theater por vezes procura evidenciar a verdade inevitável que é também uma declaração  reacionária dos catedráticos desse movimento: "Música é matemática".

Realmente não deixa de ser, e posso fazer um teorema sintético que comprova isso para o leitor leigo, através de uma diagramação própria que vou batizar como MMMM (Magician's Matrixial Music Map), baseado em partitura clássica e nas famosas tablaturas, mas de criação própria e original. 

Vamos dividir primeiramente toda a diagramação em dois eixos, o primeiro horizontal ou escala H no MMMM, que representa  a distribuição rítmica da música: 
No exemplo acima existe marcação rítmica a cada dois tempos, sendo que o padrão de tempo, ou intervalo entre marcação definido é de 2 segundos (t=2). Neste caso "x" representa uma batida qualquer em alguma nota de algum instrumento musical, ou mesmo em algum elemento de percussão que neste caso, será tocado a cada 4 segundos (perceba os espaços vazios nos tempos ímpares).

O outro eixo, o vertical, representa a distribuição melódica e a tonalidade empregada na música por algum instrumento musical que possua um mínimo range de tessitura, ou seja, que consiga exprimir diferentes notas musicais:



Cada nível da escala V do MMMM, representa uma nota musical (tom e semi-tons) tradicional da nomenclatura ocidental (começando em "dó"=1 e terminando em "sí"=12), sendo que o "x" nesse diagrama pode ser emitido por qualquer instrumento musical não percussivo - já que os instrumentos de percussão não denotam diferentes tonalidades, mas sim diferenças apenas de timbres. No quadro acima demonstro dois casos, um com marcação simples em "Lá" e o outro com marcação de "Ré sustenido" + "Lá", qualificando assim, a apresentação de uma harmonia. Após a décima segunda nota a escala se repete (conforme leis da natureza e da ressonância), só que em sonoridades mais agudas.


Logo, com a consolidação gráfica desses dois eixos temos uma matriz "quase-matemática", que é sob certa perspectiva, uma limitadora de rítimo vs. melodia/harmonia; segue abaixo a parte introdutória de "Iron Man" do Sabbath transcrito na MMMM:

  

É lógico que essa é uma explicação simplória, e adicionalmente à estes fatores temos que levar em consideração (como em qualquer outra análise estatística) a multiplicidade probabilística das diferentes harmonias possíveis, variações dos intervalos rítmicos e sobre tudo isso somam-se as infinitas características de timbres cabíveis ao Heavy-Metal. Mas, em ultimíssima análise, todas as possibilidades, cedo ou tarde, matematicamente podem ser preenchidas.

O Dream Theater, assim como outras bandas progressivas, brincam com essa ideia e geram fidelidade sobre um tipo de fã bastante peculiar que estuda música, o famoso "bronha", que fica pirulitando sua guitarra, baixo ou na bateria, e que alguns de nós já tivemos a infelicidade de ter escutado exibições inacabáveis.

Mas gostaria de ressaltar que o trabalho escolhido (poupei vocês) foi uma raridade em se tratando de DT, conforme já mencionado pelo Phantom em sua resenha acima; pois fica muito longe de ser uma viagem interestelar ou qualificado como musica "para intelectuais", como fizeram por exemplo em trabalhos passados (i.e: Scenes From a Memory"). No caso do álbum em questão, a banda conseguiu compilar o material com grande qualidade e principalmente com coesão. Ao apresentar sim, partes progressivas e experimentais, mas sem necessariamente afastar o ouvinte da realidade.    
Embora o vício da banda em viajar na maionese mais a necessidade de alimentar seu rebanho de bronheiros seguidores tenha gerado uma faixa de 22 minutos separada em 4 "atos", o trabalho homônimo entrega grandiosos sons e belas melodias, com destaque para excelente faixa "Enemy Inside" (Heavy Metal sim senhor) e "Behind the Veil".

Acredito que este trabalho super competente e acima de tudo "pé no chão", que segundo Petrucci marca um "recomeço" para o DT, tenha influência direta da substituição de Portnoy por Mangini, que embora também seja baterista do 33º nível do Rito Escocês, não aprecia apenas imersões sonoras, mas sim o bom e velho Rock n Roll que mantém a liga do nexo musical do trabalho em questão.

Nota 7,8, ou \m/\m/\m/\m/.


The Trooper
3Este álbum às vezes me lembrava Slipknot, talvez Mastodon, e algumas vezes Angra, mas a verdade é que esta mistureba caracteriza bem de que banda é este trabalho: Dream Theater. E falar de Dream Theater para mim, é muito parecido com falar de Rush, é uma banda que eu acabo gostando muito de algumas faixas e raramente de um álbum inteiro. O álbum auto-intitulado de 2013 não é exceção à regra, a distorção das guitarras aparece frequentemente, mais agressiva do que em trabalhos anteriores, mas o teclado e os vocais suaves de James Labrie também, o que resulta em eu gostar de algumas faixas e sentir sono na maioria das outras, na verdade até gostar de trechos de músicas e sentir sono em outros trechos (acho que esse é o principal problema de metal progressivo para mim).
No fim, vale a pena ouvir, pra ficar falando "olha esse solo, cara", "ó esse trecho de baixo, animal hein?", "E essa distorção monstro?", mas nenhuma faixa gruda no seu cérebro.
Destaque para The Enemy Inside e Behind the Veil.

Nota: \m/\m/\m/\m/

4 comentários:

  1. Embora tenha elogiado Mangini na resenha, devo lembrar que sua audição foi uma maldita FARSA. Após convidar bateristas do mundo inteiro (inclusive o ex-Angra, Aquiles Priester), obviamente a banda escolheu um americano que dá aulas há dez anos no mesmo colégio de música onde John Petrucci e Myung se formaram... coincidência???!! Americanos hipócritas, vão tomar no c$!

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